Antes que possamos estender nossa
compaixão aos outros, temos que primeiro estendê-la a nós mesmos. Como fazemos
isso ? Temos que olhar para a nossa mente e reconhecer como as nossas
expressões neuróticas – os nossos pensamentos confusos e emoções perturbadoras
– estão na verdade, ajudando-nos a acordar. Nossa agressão pode nos ajudar a
desenvolver clareza e paciência. Nossa paixão pode nos ajudar a abandonar
apegos e ser mais generosos. Basicamente, uma vez que reconhecemos que essa
mesma mente é a mente da compaixão e do despertar, podemos valorizá-la e
assim, confiar em nossa capacidade de trabalhar com ela. Ela é, no fim das
contas, uma boa mente, uma mente que nos levará à iluminação. Quando
compreendemos isso, começamos a abandonar nossa atitude anterior, de repulsa às
nossas emoções.
A raiva não é só estar bravo com
relação a algo. A paixão não é só o desejo de ter algo. Não são apenas padrões
habituais ou estados aflitivos da mente. Há nelas uma grande ânsia por clareza,
uma ânsia por conexão genuína, um desejo por liberdade. Em vez de serem
“inimigas”, as emoções são, na verdade, a face do buda rebelde. Ainda não
encaramos a sua face, ainda não sabemos como ele é, quando caminha pelo mundo.
Até agora, o buda rebelde foi o fio da espada de nossa inteligência.
Finalmente, vemos que ele é também a gentileza do nosso coração.É tão suave que
nunca se quebra completamente, o que significa que também é forte. De certo
modo, as nossas emoções e pensamentos confusos estão, o tempo todo, armando a
sua própria revolução da mente. Estão resistindo ao nosso tratamento injusto e
repressivo. Estão dizendo: “Não congele a minha energia. Não me cubra de
rótulos. Não tente me melhorar. Seja um pouco mais corajoso. Reconheça-me e
aceite-me como sou. Você pode se surpreender.”
Dogchen Ponlop Rinpoche, “O Buda
Rebelde – Na rota da liberdade” , Págs. 105,/6 até 3º §
https://budismopetropolis.wordpress.com
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