quarta-feira, 3 de maio de 2017

COMO LIDAR COM AS EMOÇÕES

Antes que possamos estender nossa compaixão aos outros, temos que primeiro estendê-la a nós mesmos. Como fazemos isso ? Temos que olhar para a nossa mente e reconhecer como as nossas expressões neuróticas – os nossos pensamentos confusos e emoções perturbadoras – estão na verdade, ajudando-nos a acordar. Nossa agressão pode nos ajudar a desenvolver clareza e paciência. Nossa paixão pode nos ajudar a abandonar apegos e ser mais generosos. Basicamente, uma vez que reconhecemos que essa mesma mente é a mente da compaixão e do despertar, podemos valorizá-la e assim, confiar em nossa capacidade de trabalhar com ela. Ela é, no fim das contas, uma boa mente, uma mente que nos levará à iluminação. Quando compreendemos isso, começamos a abandonar nossa atitude anterior, de repulsa às nossas emoções.

 De início, consideramos as nossas emoções como algo negativo, algo a superar; precisamos nos acalmar, diminuir a temperatura. Agora, reconhecemos como a própria energia das emoções ativa a nossa inteligência e nos encoraja a acordar, de forma que podemos apreciar de que maneira elas nos ajudam a ver mais claramente.Começamos a entender o que elas nos têm dito esse tempo todo. Estivemos sentados, ouvindo a mente, deixando-a falar, conhecendo essa desconhecida e agora a conversa está em outro nível. Não somente ouvimos as palavras da nossa amiga, mas também sentimos o calor ou a frieza de sua temperatura emocional. Através da conexão e confiança que cultivamos, alcançamos uma troca mais íntima e profunda.

A raiva não é só estar bravo com relação a algo. A paixão não é só o desejo de ter algo. Não são apenas padrões habituais ou estados aflitivos da mente. Há nelas uma grande ânsia por clareza, uma ânsia por conexão genuína, um desejo por liberdade. Em vez de serem “inimigas”, as emoções são, na verdade, a face do buda rebelde. Ainda não encaramos a sua face, ainda não sabemos como ele é, quando caminha pelo mundo. Até agora, o buda rebelde foi o fio da espada de nossa inteligência. Finalmente, vemos que ele é também a gentileza do nosso coração.É tão suave que nunca se quebra completamente, o que significa que também é forte. De certo modo, as nossas emoções e pensamentos confusos estão, o tempo todo, armando a sua própria revolução da mente. Estão resistindo ao nosso tratamento injusto e repressivo. Estão dizendo: “Não congele a minha energia. Não me cubra de rótulos. Não tente me melhorar. Seja um pouco mais corajoso. Reconheça-me e aceite-me como sou. Você pode se surpreender.”

Dogchen Ponlop Rinpoche, “O Buda Rebelde – Na rota da liberdade” , Págs. 105,/6 até 3º §

https://budismopetropolis.wordpress.com

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