Acredito
que somente uma pessoa espiritual de fato, ou seja, uma pessoa com um coração
verdadeiramente amoroso, é capaz de promover mudanças significativas no mundo,
já que todas as atitudes que nascem do medo geram mais reações negativas,
enquanto as ações que nascem de um coração amoroso podem contribuir para uma
transição rumo à união e ao amor. Por isso mesmo, não posso falar de
sustentabilidade (Porque a crise ambiental é responsabilidade de cada um
de nós) sem falar sobre a cura da dor que você ainda carrega
e mantém o seu coração fechado, porque é ela quem está destruindo o planeta.
Melhor ainda: é a inconsciência dessa dor que está destruindo o planeta.
Estou
falando da sua dor porque acredito que a transformação planetária é um trabalho
de todos nós, já que ela está intrinsecamente ligada com os pontos de ódio que
ainda existem dentro de você e de todos nós. E quando falo especificamente das
águas, escolho abordar um dos seus tantos significados que é a representação do
eterno Sagrado Feminino. Em outras palavras, a água representa a relação que
temos com a nossa mãe, que por sua vez, é a manifestação do princípio feminino
no mundo. Costumo dizer que para saber como está uma nação basta avaliar a
relação da sua população com a mãe.
“E quando falo
especificamente das águas, escolho abordar um dos seus tantos significados que
é a representação do eterno Sagrado Feminino.Em outras palavras, a água
representa a relação que temos com a nossa mãe, que por sua vez, é a
manifestação do princípio feminino no mundo.”
Vamos
entender isso melhor: o ser chega ao mundo através da mãe. Ele se desenvolve em
termos físicos e conscientes no corpo da mãe, criando uma relação muito
profunda com ela. Em termos psico-emocionais, essa experiência terrena
possibilita que ativemos a nossa ‘total consciência’, que eu tenho chamado de
‘consciência maior’. O que chamo de consciência maior é a nossa capacidade de
nos doar ao outro, de evoluirmos da necessidade de receber amor exclusivo para
sermos capazes de nos dar para o outro sem querer nada em troca.
Assim se
dá a evolução da consciência mas, devido aos karmas criados pela humanidade em
busca da felicidade, a consciência tem estado dentro de um ciclo vicioso
negativo, o que faz com que a mãe (e o pai também) não tenha o que dar para o
filho.
Acontece
que a criança chega ao mundo precisando de amor exclusivo e faz o que for
preciso para tirar isso da mãe e do pai, mas não consegue. Ela tenta controlar
o mundo – e para ela o mundo é a mãe – mas não consegue. A criança quer mamar
para matar a fome e o peito não está lá na hora que ela quer e se está, muitas
vezes, está vazio de amor. Assim, ela vai desenvolvendo uma revolta, um ódio
pelo mundo que não satisfaz as suas necessidades.
Inconscientemente,
ela começa a destruir o mundo e a principal forma de destruir o mundo é
poluindo as águas, que como já disse, é a manifestação mais nítida da mãe. Em
outras palavras, a criança mata a mãe porque essa não deu o que ela queria.
Talvez
você ainda ache que não faz nada para poluir as águas, afinal, não joga lixo
diretamente nos rios. Acontece que estou falando aqui de algo um pouco mais
sutil e muito profundo. Estou falando que por trás da destruição do planeta há
uma ferida pulsando, um sentimento de orfandade. Essa ferida está por trás de
toda a inconsciência sobre o lixo que fabricamos e não sabemos onde por,
inclusive de todo o lixo que colocamos para dentro de nós mesmos fazendo com
que destruamos nosso próprio corpo.
E é aí
que está a sua responsabilidade nessa história, porque os rios que fluem em
direção ao oceano, são uma representação do rio interno que corre na forma das
veias e artérias. A água é o sangue que corre até chegar ao coração, que é o
oceano. As águas são o sangue que estamos constantemente poluindo com alimentos
errados e com uma série de sentimentos negativos. Nós estamos envenenando o
sangue, criando doenças e impedindo que as águas fluam livremente.
“Você já pode enxergar essa
manifestação da luz divina em sua mãe? Você já pode honrar essa luz? Você já
pode agradecer essa mãe, por ela ter sido canal para você chegar neste mundo”
Costumamos
relacionar as águas com as emoções. Existem as emoções inferiores e as emoções
superiores. Isso é somente uma forma de tentar entender aquilo que se passa no
nosso sistema. As emoções negativas são aquelas carregadas de sofrimento e são
geradas por conta do rio bloqueado. As emoções superiores são aquelas que vêm
com contentamento e êxtase, que se manifestam quando o rio está fluindo e as
águas estão claras. A água pura da vida é a própria bênção.
Eu sinto
que é muito importante tomarmos atitudes concretas que possam ajudar a
despoluir as águas, principalmente a partir das suas atitudes particulares,
tentando ter consciência do que você faz com o seu lixo, pois esse é um dos
principais problemas do mundo hoje. Porém, o mais importante ainda é tomar
consciência sobre como você está em relação ao feminino.
Como você
está em relação à sua mãe? Você já pode ver o Divino nela? Já consegue
reverenciá-la? Eu estou falando da mãe que foi o portal para você chegar neste
mundo que, independentemente de todas as mazelas que ela possa carregar, também
traz em si a manifestação da luz divina. Você já pode enxergar essa
manifestação da luz divina em sua mãe? Você já pode honrar essa luz? Você já
pode agradecer essa mãe, por ela ter sido canal para você chegar neste mundo ou
ainda há mágoas e ressentimentos por conta desse sentimento de orfandade que
você carrega? Como você está em relação ao feminino de uma forma geral? Como
você está em relação ao feminino em você?
O
feminino é a capacidade de aceitar. O feminino é a aceitação que, na sua forma
distorcida, se transforma em submissão. A submissão ocorre quando o ódio
contamina esse princípio da aceitação. Ela se transforma numa arma que você usa
para forçar o outro a fazer o que você quer. A principal manifestação da
submissão é a carência de amor. Você está sempre achando que está incompleto e
que precisa que o outro esteja ali te dando alguma coisa.
A
aceitação, quando verdadeira, gera autossuficiência, liberdade e independência.
Ela é a manifestação do feminino positivo, mas só acontece quando você consegue
se libertar desse sentimento de orfandade e do ódio que carrega em relação à
sua mãe. Quando essa autossuficiência é falsa, você finge que não precisa do
outro mas na verdade usa esse disfarce para lhe tirar energia.
Agora
precisamos compreender que existe uma negação dessa dor e uma série de
mecanismos de proteção para não entrarmos em contato com ela, entre eles o
amortecimento, a racionalização e a compulsão. Com o primeiro, você segue
vivendo mecanicamente, sem sentir. Você bota lixo para dentro e não sente nada,
você machuca e é machucado e não sente nada. Com o segundo, você sente alguma
coisa mas logo tenta racionalizar e explicar o que está se passando. Já com a
compulsão, você faz muitas coisas o tempo todo para poder fugir da dor que está
causando toda a destruição na sua vida. Acontece que para fugir dessa dor, você
cria todo o tipo de sofrimento desnecessário.
Por isso,
o processo de evolução e transformação planetária começa com o desamortecimento
do indivíduo. E isso se dá olhando para o medo enorme que você carrega dentro
de si e que faz com que se proteja tanto. Esse medo na verdade é um medo de
sentir qualquer coisa, seja dor ou alegria. Porém, somente uma pessoa que é
capaz de sentir a própria dor é capaz de ser feliz de fato, simplesmente porque
ela é capaz de sentir.
Torço
para que você possa aos poucos olhar de frente para essa dor. Que possa ir
limpando toda mágoa e todo ódio que carrega em relação a sua mãe. Lembremos que
a água é um dos principais pontos de sobrevivência para esse mundo e estamos
diante de um estado real de emergência. Enquanto cientistas encontram caminhos
para essa questão de fora para dentro, com mecanismos de despoluição dos
oceanos, façamos a nossa parte: sigamos buscando os caminhos de purificação de
dentro para fora, limpando os nossos corações.
https://www.sriprembaba.org
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