Buda viveu no século VI antes de Cristo. Esse século foi
marcado por grande atividade, tanto social quanto intelectual. Foi a era de
ouro, ou do apogeu da história das religiões; notável pela inquietude
espiritual e agitação intelectual em muitos países. O aparecimento de mestres
religiosos no Oriente e no Ocidente, nesse período, foi quase contemporâneo.
A iluminação de Gautama Buda modificou a idéia de uma
"alma* que transmigra, mas o princípio do renascimento permanece, e este,
juntamente com a Lei do Carma *, " conforme você semear, você
colherá", é que dá ao Budismo o seu código moral. Esses dois princípios,
juntos, explicam todas as anomalias da vida, o problema do mal e do sofrimento
no mundo.
O fundador desta grande religião, que é o Budismo, é
conhecido como Buda, o Iluminado. Isto é apenas um título, e não um nome. Seu
sobrenome era Gotama, ou Gautama em sânscrito, e seu nome próprio era
Siddhartha (aquele que alcança o seu objetivo). Seu pai, Suddho-dana, era o
soberano do reinado dos Sákyas, situado nas colinas ao pé dos Himalaias, na
fronteira do Nepal. A rainha Maya era sua mãe. Seguindo os costumes da época,
ele se casou muito jovem, aos dezesseis anos, com a delicada princesinha
Yasodhara. Não lhe faltando nada dos prazeres mundanos, vivia feliz com a amorosa
esposa. Entretanto, com o avanço do tempo e maturidade, o príncipe começou a
perceber as misérias do mundo. Confrontado com a realidade da vida e com o
sofrimento da Humanidade, resolveu procurar uma solução e uma saída deste
sofrimento, ou insatisfação universal. Aos 29 anos de idade, logo após o
nascimento de seu filho único, Rábula, ele se retirou, solitário, em busca da
solução: colocou-se sucessivamente sob a tutela de dois professores das
escolas dos Vedas e dos Upanixades e tornou-se mestre em tudo o que elas foram
capazes de ensinar no que concernia à união com Brama, não só em teoria, como
em prática de meditação. Ele teve êxito de fato, obtendo identificação com a
mais alta consciência, considerada a meta final da experiência religiosa. Em dias
posteriores, quando já era o Buda, pôde dizer aos brâmanes de sua época que
devia ser incluído entre os que tinham conhecido o mais alto estado espiritual,
que era um "conhecedor dos Vedas" e era um dos que tinham "visto
Brama face a face".
Mas ele achava que isso não era o bastante. Mesmo no mais
alto plano espiritual, os deuses de Brama não estavam completamente libertos
do processo de vida e morte; estavam, ainda, sujeitos a mudar e,
conseqüentemente, sujeitos à incerteza e ao sofrimento. O que ele desejava era
um estado completamente fora de todas as categorias de existência e
não-existência, absolutamente livre de todos os laços da vida condicionada.
Assim, ainda que a maioria dos homens estivesse satisfeita em aceitar a mais
alta norma religiosa dos tempos e mesmo tomado lugar como um dos expoentes
qualificados dessas doutrinas, ele procurou caminhos ignorados de conhecimento
e estabeleceu seu objetivo além dos Vedas e Upanixades.
AS QUATRO NOBRES VERDADES
II. A Verdade de que a causa dos repetidos renascimentos e
sofrimentos é a ignorância, associada ao desejo.
III. A Verdade de que esse processo de nascimento, morte e
sofrimento pode ser levado para um fim somente com a obtenção do Nibbana
(Nirvana).
IV. A Verdade de que o Nirvana pode ser alcançado
seguindo-se com perfeição o Nobre Caminho Óctuplo que abrange Sila, Samadhi e
Panna, isto é, moralidade, meditação e compreensão intuitiva.
* Karma em sâncrito, ou Kamma em páli (Lei de causa e
efeito); não confundir como Kama(páli) que significa desejo dos prazeres
sensuais.
Referência bibliográfica:
1. - DHAMMAPADA. Caminho da Lei. ATTHAKA. O livro das
Oitavas. Doutrina Budista Ortodoxa em versos. Tradução e adaptação: Dr. Georges
da Silva. Editora Pensamento. São Paulo, 1978.
semfronteirasparaosagrado.blogspot.com.b
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