sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

OS ASPECTOS PRINCIPAIS DO PERDÃO

O perdão começa com a decisão de não se vingar
Esta não é uma atitude voluntariosa, mas sim uma decisão que vem da vontade de se curar e crescer.

O instinto incita à vingança mas, como já vimos, isso não trás bons resultados.
Perdoar é quebrar o ciclo da violência, é negar-se a combater com as mesmas armas de ódio do adversário, é voltar a ser livre.

O perdão requer introspecção
A ofensa provoca confusão e pânico, a pessoa ferida  sente-se perturbada, a sua integridade e tranquilidade interior foram ameaçada. A perturbação nas emoções contribui para a confusão nas atitudes da pessoa. Perante a ofensa a pessoa sente-se impotente e humilhada. As feridas mal curadas juntam-se assim a esta orquestra desafinada.
A grande tentação consiste em negar-se a tomar consciência da própria pobreza interior e em aceitá-la. São várias as estratégias
psíquicas adoptadas: negar o mal-estar, grande vontade de esquecer, fazer de vítima,  gastar energia em encontrar
culpados, procurar um castigo digno da afronta, acusar-se a si mesmo e fazer-se culpado ou ainda brincar aos heróis e fazer-se de intocável e magnânimo.
Ceder a estas atitudes compromete o êxito do perdão  que requer libertar-se de si mesmo antes de poder libertar-se do agressor.
O perdão requer a tomada de consciência de si mesmo, de todos os sentimentos que a ofensa desperta, perdoar o outro supõe que, antes, se perdoe a si mesmo.

O perdão convida a encarar novas perspectivas da relação humana
O perdão é um “convite à imaginação”. O perdão não é esquecer o passado mas antes  a  possibilidade  de  um  futuro  diferente  do  imposto  pelo  passado  ou  pela memória. Libertado dos seus dolorosos vínculos ao passado, o ofendido que perdoa pode permitir-se viver plenamente o presente e ante ver uma nova relação com o seu ofensor no futuro. Poder olhar com novos olhos, “re-ver”. É ter a capacidade de ver para além da ferida e do ressentimento, a partir de  uma perspectiva mais ampla que
oferece novos modos de ser e de atuar.

O perdão valoriza a dignidade do ofensor
Para poder perdoar é imprescindível que não se deixe de acreditar na dignidade da pessoa que nos feriu. É muito difícil fazê-lo “a  quente”. É preciso dar tempo ao tempo. Por detrás do “monstro” descobrimos muitas vezes uma pessoa débil, frágil,
psiquicamente doente, ferida... uma pessoa como nós, uma pessoa capaz de mudar e evoluir.
O perdão não é somente libertar-se do peso da dor mas também é libertar o outro do juízo penalizador e severo que dele fizemos; é reabilitá-lo aos seus próprios olhos na sua dignidade humana.

O perdão é reflexo da misericórdia divina
Para os crentes, o perdão situa-se no ponto de convergência do humano e do espiritual. Perdoar etimologicamente significa “dar
 plenamente”, implica uma ideia de plenitude porque expressa uma forma de amor levada ao extremo. Amar, apesar da ofensa sofrida, requer forças espirituais que superam as forças humanas.
A SABEDORIA DE PERDOAR  E PERDOAR-SE
Emma Martínez Ocaña

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